Jeremy

Deller

Jeremy Deller

Inglaterra, 1966

Colaborativa, transitória e, por vezes, site specific, a obra de Jeremy Deller (Londres, Inglaterra, 1966) origina leituras inauditas sobre a realidade. Ao invocar um poder criativo coletivo, o artista concebe projetos que confrontam diretamente o statu quo do campo artístico e a sacralidade e inviolabilidade dos códigos sociais e dos poderes políticos, económicos, mediáticos e religiosos.

A colaboração é fundamental a essa prática artística que, nos seus vários desdobramentos, tenta aproximar-se do público, envolvê-lo e torná-lo parte da conceção em certos trabalhos. Partidário de uma ideia de «democratização» da obra de arte, Jeremy Deller dissolve a hierarquia artista-público e nutre um carácter direto e frontal em relação às temáticas que aborda — ainda que se aproxime da arte conceitual ao trabalhar a partir de «uma ideia» em busca de «ver o que acontece». Impossível de classificar dentro dos parâmetros-limite de uma disciplina artística, a sua obra permeia uma vasta variabilidade de meios, desde a pintura ao happening, para construir relações entre a cultura popular, a História, os acontecimentos políticos e sociais, o presente, o passado e os hipotéticos futuros, adicionando aos mesmos um irreverente «filtro».


Falem Com a Terra e Ela Dir-vos-á, 2024

Banner, letras costuradas sobre algodão

Com colaboração de Ed Hall.

Cortesia do artista e The Modern Institute/Toby Webster LTD, Glasglow

Esta obra é concebida a partir de uma pergunta do artista, dirigida aos colaboradores do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. De entre as espécies botânicas extintas recentemente, quais são as seis de que sentem mais falta? Como num retorno espectral, um banner, em que se leem os nomes científicos, passa a ocupar o lugar outrora habitado por tais espécies. A intervenção de Jeremy Deller no Jardim Botânico vai ao encontro da sua prática contínua em redor da linguagem e, simultaneamente, invoca um sentido bíblico, paradoxalmente cómico e paternalista, através da frase que dá título à obra. Falem Com a Terra e Ela Dir-vos-á interpela o espectador como uma presença enigmática no espaço que, ao mesmo tempo que desperta uma curiosidade lúdica, aponta para um futuro ambiental que destitui o horizonte de esperança.

Jeremy gallery image

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© Jorge das Neves

Jeremy Deller vive em Londres. O seu trabalho já foi exposto em diversas instituições nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: La Biennale di Venezia, Fundação Bienal de São Paulo, Centre Georges Pompidou, Turner Contemporary, Bourse de commerce, Tate Galleries, New Museum of Contemporary Art, The Modern Institute, Centro de Arte Dos de Mayo, Es Baluard Museu d'Art Contemporani, Azkuna Zentroa, Centro Internacional das Artes José de Guimarães e Centro Cultural Belém. De entre as exposições antológicas e retrospetivas sobre o seu trabalho, destacam-se: Art is Magic, em La Criée Centre d’Art Contemporain (2023) e Warning Graphic Content – Jeremy Deller, Prints & Posters 1993 – 2023, no Musée d’Art Moderne et Contemporain Genève (2022), Holborn Museum (2022) e The Modern Institute (2021).