Regina

Silveira

Regina Silveira

Brasil, 1939

Um dos principais nomes da arte brasileira, Regina Silveira (Porto Alegre, Brasil, 1939) trabalha numa envergadura de práticas como poucos artistas. A sua obra rege-se pelo princípio de que «os meios servem as ideias», razão pela qual a artista abrange desde técnicas de impressão manuais, como a xilogravura e a serigrafia, até aos novos média, como a realidade aumentada e o NFT.

É representativo no seu percurso o contacto com o artista Iberê Camargo, com quem teve aulas de pintura e «aprendeu» a duvidar dos códigos de representação cristalizados, o contacto com o campo artístico europeu, na altura em que foi bolseira do Instituto de Cultura Hispânica, em Madrid, e a sua experiência docente, iniciada em Porto Rico e continuada posteriormente no Brasil, na Fundação Armando Álvares Penteado e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ao longo da sua trajetória, Regina Silveira sempre andou em consonância com os movimentos de vanguarda do Brasil e do exterior, recebendo destaque enquanto precursora do pensamento sobre os meios de representação, os modos de produção da imagem e a exploração de médias, como a videoarte (meio em que foi pioneira, com Júlio Plaza). Explorando a força desestabilizadora da arte, tem dedicado grande parte da sua produção a uma pesquisa acerca dos códigos visuais e da arte enquanto forma de conhecimento. Dentro desses campos, desenvolveu trabalhos permeados pelo político e pelo enigmático, reagindo ao estar no mundo com exemplar irreverência e vanguarda.


Una vez más, 2012

Vídeo, cor, som, 2’56”

Cortesia da artista e Luciana Brito Galeria.

A mão da artista é um elemento importante na obra de Regina Silveira. A delimitar o espaço de um quadro negro vazio (Campo, 1977), a «desenhar» sinais de comunicação não verbal (A Arte de Desenhar, 1980), ou a servir de molde para uma estátua (Classic, 2012). Na obra apresentada nesta bienal, essa parte do seu corpo é transformada em autorretrato. Ao eternizar a imagem renderizada da sua mão a fazer um gesto insultuoso, Regina Silveira recorre ao seu humor tipicamente ácido. Simultaneamente autorreferencial e universalizante, Una vez más expressa uma atitude irreverente perante a vida, marcada por uma certa «falta de paciência».

Anacrónica, a obra concilia espaços temporais divergentes no conflito entre a imagem renderizada e a banda sonora analógica. Atemporal, apesar de relacionada com o contexto sociopolítico do Brasil na altura em que foi concebida, manifesta e incorpora em si as revoltas, inquietações, insubordinações e uma perpétua inconformidade perante o estado das coisas.

Regina gallery image

© Jorge das Neves

Regina Silveira vive em São Paulo. O seu trabalho já foi exposto em diversas instituições nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: Fundação Bienal de São Paulo, La Biennale di Venezia, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/de São Paulo, Museum of Modern Art, Solomon R. Guggenheim Foundation, Galeries Nationales du Grand Palais, Miami Art Museum, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Fundació Joan Miró, Fundação Calouste Gulbenkian, Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Mitchell Museum of the American Indian, Museu de Arte da Pampulha e Paço das Artes. A sua exposição Simulacros (1984) esteve em itinerância no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. De entre as exposições retrospetivas e antológicas sobre o seu trabalho, destacam-se: Ocupação Regina Silveira, Itaú Cultural (2010), e Regina Silveira: Outros Paradoxos, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (2021).