Adam

Pendleton

Adam Pendleton

Estados Unidos da América, 1984

A obra de Adam Pendleton (Richmond, Estados Unidos, 1984) suscita perspetivas inéditas para o pensamento sobre o abstracionismo na arte contemporânea. Através da justaposição formal e conceitual de elementos, de uma linguagem combinatória que envolve continuados processos de escrita e reescrita e da ideia de fluxo, o artista transpõe as fronteiras da representação.

A partir de 2008, Adam Pendleton começou a articular toda a sua produção artística em torno da ideia de Black Dada — uma espécie de filosofia visual de postulados incompletos e contínua investigação acerca das relações entre a negritude, a arte abstrata e os movimentos artísticos de vanguarda. Enredando histórias, que, numa primeira vista, não manifestam vínculos explícitos, tal pesquisa é transposta desde os seus compêndios de materiais gráficos, documentos e textos até ao trabalho pictórico do artista. Nessa «justaposição radical» de referências, Adam Pendleton questiona o legado do modernismo para a atualidade, reativa ideários das vanguardas históricas e desafia as distinções entre passado e presente, legibilidade e intangibilidade. Na sua própria perceção, Black Dada revela-se como uma maneira de «falar do futuro ao falar do passado».


Toy Soldier (Notes on Robert E. Lee, Richmond, Virginia/Strobe), 2021–2022

Vídeo, PB, som, 6’55”

Cortesia do artista.

Atenção: esta obra de arte contém luz estroboscópica, que pode afetar pessoas com epilepsia fotossensível ou outras fotossensibilidades.

Através do jogo de luz e sombra, da sobreposição de elementos gráficos e de movimentos de luz estroboscópicos, Toy Soldier (Notes on Robert E. Lee, Richmond, Virginia/Strobe) apresenta um tempo histórico em convulsão, encarnado na imagem da estátua de Robert E. Lee — general confederado que participou na Guerra Civil Americana. Entre a imagem vacilante da estátua, e do seu pedestal coberto por grafites, e a composição sonora do músico Hahn Rowe, com excertos da voz digitalmente distorcida do poeta Amiri Baraka a declamar o poema Dope, é criado um vórtice sonoro e imagético. Dentro do mesmo, os fantasmas do passado escravocrata norte-americano são confrontados pelo ânimo revolucionário das recentes manifestações dos movimentos antirracistas e de direitos civis, que, desde o assassinato de George Floyd, em 2020, ocuparam as ruas da maioria das cidades do país.

Adam gallery image

© Jorge das Neves

Adam Pendleton vive em Nova Iorque. O seu trabalho já foi exposto em diversas instituições nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: Museum of Modern Art, Whitney Museum of American Art, La Biennale di Venezia, Centre Pompidou Metz, Palais de Tokyo, New Museum, Kemper Art Museum, Museum moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien, Kunsthalle Wien, Montreal Museum of Fine Arts, Moderna Museet Malmö, Walker Art Center, Baltimore Museum of Art, Centro Andaluz de Arte Contemporáneo, Whitechapel Gallery, Gladstone Gallery, Pace Gallery e Galeria Pedro Cera.