Bárbara
Fonte
Bárbara Fonte
Portugal, 1981
No trabalho de Bárbara Fonte (Braga, Portugal, 1981), o seu próprio corpo, presente em imagem ou na força gestual do desenho, surge repleto de reminiscências histórico-religiosas. O sacro, o simbólico, o iconográfico e o erótico coexistem através de um corpo-ferramenta que, segregado e solitário num cenário criado no ateliê da artista, vive e documenta «performances íntimas».
Fortemente vinculada à tradição pictórica europeia, Bárbara Fonte compõe o seu léxico visual a partir de ações performativas, filmadas no seu próprio estúdio, e de desenhos que incorporam uma «união primitiva entre o corpo e o pensamento». Transversais a ambas as práticas, o sentido da existência e o potencial subjetivo do ser humano são invariáveis preocupações que guiam o trabalho da artista e que se transmitem através da criação e representação de alegorias, de simbolismos, da teatralização de iconografias religiosas, da desconstrução de imagens cinematográficas, da exploração do erotismo, do sentido cómico e da referência à tradição artística europeia. Entre o quotidiano e o ritualístico, o seu trabalho questiona e reage, simultaneamente, ao estar no mundo.
MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-NOVA
Morte de um opositor, 2024
Instalação com sete canais de vídeo em loop
Cortesia da artista.
Na obra Morte de um opositor, de Bárbara Fonte, forma-se, ao longo de cinco salas do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, um labirinto de imagens em movimento. A instalação constrói um percurso imagético e sonoro através do espaço, a partir das representações teatralizadas realizadas pela artista e dos sons que as acompanham. Nas pequenas performances — frequentemente filmadas no seu ateliê —, a solidão é um fio que conduz a sua presença quase sempre desacompanhada em cena. De cariz surrealista, as suas encenações repensam e exageram representações históricas, fazendo convergir experiências religiosas, alegorias políticas e gestos eróticos.
CAPC CÍRCULO SEDE
Tratamento farmacológico da paranoia, 2015–2023
Conjunto de objetos, materiais e dimensões variáveis
Cortesia da artista.
Caricas de cerveja que resguardam uma pérola, um osso ornamentado por cílios postiços, um cartucho de bala decorado com lágrimas fabricadas e outros artefactos enigmáticos formam um conjunto de objetos de cariz surrealista. Uma pequena coleção de curiosidades oníricas, fabricadas pela artista Bárbara Fonte — que surgem das suas performances íntimas. Objetos cuja existência se sustenta no absurdo, no lúdico e no estético, mas que ensejam aludir a um universo autobiográfico.
Bárbara Fonte vive em Braga. O seu trabalho já foi exposto em diversas instituições culturais, nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Casa Museu Abel Salazar, Sismógrafo, Galeria A. Molder, Centre Photographique d’Ile-de-France, Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura e Casa Museu Marta Ortigão Sampaio.