Berio

Molina

Berio Molina

Espanha, 1979

Berio Molina (A Fonsagrada, Espanha, 1979) desenvolve um corpo de trabalho que transita pela performance, pelo filme e pela instalação para reivindicar o desconhecido através da experimentação sonora. A expansão para essas linguagens apresenta-se enquanto método de uma exploração acerca do som, interesse primário do artista.

A escuta acusmática — aquela que acontece quando se ouve um som sem que a origem que o produz seja vista —, os processos colaborativos, a presença do corpo na ação e a descodificação da linguagem são instâncias visitadas por Berio Molina na sua contínua investigação. Numa busca cuja finalidade se revela pelo processo, primeiro que por uma resposta, a sonoridade escondida em objetos, ações, eventos ou elementos da natureza é transformada em instrumento numa tentativa de «rutura com a linguagem». Permeando todos os movimentos nascidos dentro da sua obra, está o som enquanto uma espécie de presença espectral.


Dislocación, 2022

Instalação sonora, dimensões variáveis

Cortesia do artista.

A cidade costeira mais próxima de Coimbra fica aproximadamente a cinquenta quilómetros de distância. Apesar disso, ao longo desta bienal, será possível ouvir, diariamente, o som de buzinas de um barco. Como presenças fantasmagóricas a pairar sobre a cidade e entre as paredes do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Dislocación, obra do artista Berio Molina, faz reverberar um barulho que, apesar da familiaridade, causa estranhamento quando ouvido nessa geografia. Trazidas desde um cemitério de navios, em Alang (Índia), essas buzinas reproduzem um ruído na paisagem sonora da cidade. Um desconforto que vem para alertar, por um lado, para o futuro distante de transição ecológica e a manutenção das políticas que permitem os países do «Norte global» continuarem a enviar o seu lixo aos países do «Sul global» e, por outro, para a intensa turistificação das cidades, que, eventualmente, poderá deixar de surpreender que se ouça a surreal presença de buzinas de transatlânticos em Coimbra. Também alude ao futuro incerto do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, edifício que hoje acolhe a obra e cujo papel como sede principal desta bienal está ameaçado.

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© Jorge das Neves

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© Jorge das Neves

Berio Molina vive em A Fonsagrada. O seu trabalho já foi apresentado em instituições nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: Casa de Iberoamérica, Museu da Cidade do Porto, Instituto Cervantes, Centro Galego de Arte Contemporánea, La Casa Encendida e Es Baluard Museu d'Art Contemporani. Participou em festivais de cinema e vídeo, incluindo: Tranås at the Fringe (Suécia), Intersección (A Coruña), Bideodromo (Bilbao), FIVA10 (Buenos Aires), Cineautopsia (Bogotá) e Mirá! (Buenos Aires). Contribuiu para várias publicações, de entre as quais se destacam: A performance auto-replicada (Congreso Fugas e Interferencias), Una metodología para la creación de alfabetos acusmáticos (Congreso Barreira Arte+Diseño) e Setras (Editorial Fulgencio Pimentel).