Davi Pontes

& Wallace Ferreira

Davi Pontes & Wallace Ferreira

Brasil,

Desde 2018, Davi Pontes (São Gonçalo, Brasil, 1990) e Wallace Ferreira (Rio de Janeiro, Brasil, 1993) desenvolvem juntos uma série de trabalhos que partem de uma investigação em comum acerca da história da dança, da performance e da filosofia moderna. Enquanto artistas, performers e coreógrafos, criam peças que confrontam as experiências das corporalidades dissidentes e procuram responder à pergunta: «Como elaborar uma dança de autodefesa?»

Davi Pontes e Wallace Ferreira elaboram repertórios coreográficos que exploram movimentos miméticos, repetitivos e cuja marcação rítmica é feita através dos passos. Ao perceberem a dança como um treinamento de autodefesa, elaboram estratégias corporais de resistência poética para confrontar violências raciais estruturais — questionando, por consequência, algumas instâncias epistemológicas das sociedades pós-coloniais. É através do corpo que a dupla cria estratégias de emancipação, afirmação identitária e pertença.


Repertório N. 2, 2022

Vídeo, cor, som, 19’25”

Cortesia dos artistas.

Numa das salas do palacete do Parque Lage, no Rio de Janeiro, cenário utilizado como palco em Repertório N. 2, a arquitetura faz alusões ao passado-presente colonial do Brasil e de Portugal, assim como o espaço onde hoje se apresenta o trabalho, as antigas garagens militares do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Neste ambiente, potencialmente habitado por fantasmas da História comum aos dois países, os performers operam, através da dança, um desvio simbólico da violência racial à qual os corpos negros estão sujeitos desde a colonização europeia de outros territórios.

Em contraponto à tradição normativa da dança, a coreografia de Repertório N. 2 renega a presença de movimentos grandiosos ou de um arco narrativo. Em seu lugar, Davi Pontes e Wallace Ferreira insistem no uso da repetição enquanto elemento catalisador de tensão e imprevisibilidade. Reforçando uma expectativa que permanece iminente, os seus corpos prendem o olhar numa experiência tão sensorial quanto hipnótica. Em cena, os dois performers devotam-se a uma mimese corporal e traçam movimentos ritmados e espelhados — forjando, ambiguamente, uma disciplina quase militar e sentimentos de intimidade e união.

Davi Pontes gallery image

© Jorge das Neves

Davi Pontes vive no Rio de Janeiro. Artista, coreógrafo e investigador, o seu trabalho já foi apresentado em diversas instituições e festivais internacionais, de entre os quais se destacam: Fundação Bienal de São Paulo, Balé da Cidade de São Paulo, Museu de Arte do Rio, Frestas Trienal de Artes, Galeria Fortes D'Aloia. Em 2022, recebeu os prémios ImPulsTanz – Young Choreographers e ArtLink.

Wallace Ferreira vive no Rio de Janeiro. Coreógrafo, artista e investigador, o seu trabalho já foi apresentado em diversas instituições e festivais internacionais, de entre os quais se destacam: Fundação Bienal de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio, Valongo Festival Internacional da Imagem, Mendes Wood DM, Galeria Fortes D'Aloia & Gabriel e Frestas Trienal de Artes. Em 2022, recebeu o prémio ImPulsTanz – Young Choreographers.