Diego
Bianchi
Diego Bianchi
Argentina, 1969
Diego Bianchi (Buenos Aires, Argentina, 1969) cria um corpo de trabalho que dialoga com o contemporâneo e os seus excessos através da performance, do vídeo, da escultura e de instalações em grande escala — as quais, por vezes, são site specific. A partir da observação da transformação dos objetos de consumo e do quotidiano, o artista adota uma abordagem experimental e utiliza a ironia e o humor para criar uma exploração plástica de processos de obsolescência e decadência.
Ao utilizar, como matéria-prima, objetos que são descartados, materiais de procedências variadas e, em alguns casos, obras de outros artistas que incorporam os acervos das instituições nas quais trabalha, Diego Bianchi constrói estranhas entidades plenas de reminiscências humanas, situações teatralizadas e intrincadas relações entre obra de arte e o corpo — o seu, os de performers ou do próprio público. No seu trabalho, o antropomórfico é uma chave para formalizar relações críticas com a cultura do consumo, os excessos humanos e processos de destruição e reconstrução.
LaCura, 2020
Vídeo, cor, som, 9’30”
Cortesia do artista e Galerie Jocelyn Wolff.
Na obra de Diego Bianchi, a investigação acerca das relações humanas com os objetos, especialmente com os objetos de arte, é perscrutada visualmente. Em LaCura, vídeo de 2020, um convite para realizar uma releitura de uma peça da coleção do acervo do museu Palais de Glace foi expandida para um ensaio visual que constrói relações íntimas entre o seu corpo, o de performers e várias obras resguardadas pelo acervo. Extrapolando a proposta original e aproveitando a circunstância da reforma do museu (e a consequente alocação das suas peças para a Manzana de Las Luces, em Buenos Aires), o artista realizou uma perscrutação imagética que interliga o cuidado e a obsessão humana com os objetos do passado com a afetuosidade, o jogo e a sensualidade.
LaCura destitui, em certa medida, os objetos do seu estado inanimado e mudo, evocando uma presença quase corpórea dos mesmos, permitindo uma íntima e afetuosa aproximação aos corpos — sugerindo também o trabalho de conservação e restauração de acervos museológicos como um trabalho de cuidado. Situado nesta sala de aspeto quase estéril, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, e projetado numa tela de grandes dimensões, o ensaio transforma-se numa experiência também sensorial, afirmando certo delírio e transe.
Diego Bianchi vive em Buenos Aires. O seu trabalho já foi exposto em diversas instituições internacionais, de entre as quais se destacam: Perez Art Museum, Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Centro de Arte Dos de Mayo, Centre Pompidou Metz, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Museo Nacional de Bellas Artes, Galerie Jocelyn Wolff e Casa de la Cultura Contemporánea. O artista já participou em edições de diferentes bienais, como a de Istambul, Havana, Lyon, Liverpool, e nas edições da BIENALSUR em Córdoba, Valparaíso e Dakar.