Pedro

G. Romero

Pedro G. Romero

Espanha, 1964

Pedro G. Romero (Aracena, Espanha, 1964) é investigador, curador e trabalha como artista desde 1985. Mantém dois projetos, Archivo F.X. e Máquina P.H., através dos quais viabiliza a Plataforma Independente de Estudos Modernos e Contemporâneos do Flamenco, cujo principal objetivo é a expansão do campo de estudos sobre o assunto.

A sua obra formaliza uma análise crítica acerca de determinadas preocupações, como as passagens e acontecimentos históricos, a circulação das imagens, a iconografia sacra, a cultura flamenca, o gesto iconoclasta da vanguarda artística do século XX, a História da Arte Moderna, a cultura popular, as políticas culturais, as transformações dos espaços urbanos, de entre outras. Pedro G. Romero questiona a administração ideológica das imagens em relação a algumas questões basilares, como: a serviço de quem e a que interesses responde a construção da imagem, a sua visibilidade ou invisibilidade em contextos específicos, a sua apropriação, capitalização e reprodução ao longo do tempo? Qual é o papel das classes culturais enquanto produtoras e reprodutoras das imagens que povoam as práticas artísticas contemporâneas? Qual o poder ou a capacidade de ativação que a gestão política das imagens tem num campo cultural que redefine constantemente os seus agentes, incluindo o museu como espaço público?


C de Canciones (Scénario), 2024

B de Bestiario (Scénario), 2022

A de Archipiélago (Scénario), 2023

75 panéis fotográficos de 100 × 90 cm, fotografias, livros, películas de arquivo, assemblages (gravuras, impressões manuais, reprografia académica, etc.) e edições gráficas de livre circulação. Dimensões variáveis

Com a colaboração de Filiep Tacq.

Cortesia do artista.

Como anotações para o roteiro de um filme hipotético, Pedro G. Romero coleta imagens e excertos textuais em Scénario, uma série de trabalhos articulada em partes. Anteriormente apresentada nas Ilhas Baleares (A de Archipiélago) e em Aberdeen, na Escócia (B de Bestiario), a terceira parte, C de Canciones, desenvolve-se no âmbito desta bienal enquanto obra comissionada. Aproximando a investigação da deriva e do deambular entre arquivos fotográficos/cinematográficos, centros académicos, instituições e livrarias de segunda mão, o artista trabalha em torno daquilo que denomina «os novos babilónios» — uma referência ao pensamento de Guy Debord acerca do projeto New Babylon, de Constant Nieuwenhuys. Sob essa insígnia, Pedro G. Romero situa uma interseção de grupos identitários, como ciganos, romani, moinantes, cantores e dançarinos populares e exilados espanhóis, à procura de pontos de convergência.

As imagens e textos que surgem desse preâmbulo são retrabalhados também em colaboração com outros aparatos culturais pertinentes no contexto onde as partes da série são desenvolvidas. Para esta bienal, houve dois pontos de ligação com a cidade de Coimbra: a Tipografia Damasceno, historicamente vinculada à impressão artesanal e à atividade política em Portugal, e a Associação Trampolim (com mediação de Jorge Cabrera e Adriana Campos), que atua junto de crianças e adolescentes ciganos do Parque Nómada, nos Campos do Bolão. O primeiro foi integrado no trabalho através da produção de materiais gráficos que compõem a exposição. O segundo, através de uma versão radiofónica elaborada pelos membros da Associação Trampolim acerca do Auto das Ciganas, de Gil Vicente — obra considerada a primeira ficção publicada na Europa, que, por um lado, inaugura estereótipos sobre os ciganos e os torna protagonistas de uma alegoria política que lhes é alheia e, por outro, serve como um documento sobre o significado da sua presença na corte de Évora por volta do ano 1520.

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© Jorge das Neves

Pedro G. Romero vive entre Sevilha e Barcelona. Enquanto curador, realizou projetos como Tratado de Paz (Donostia), Aplicación Murillo: materialismo, charitas y populismo (ICAS), Máquinas de vivir (CentroCentro e La Virreina) e Popular (IVAM). Enquanto artista, o seu trabalho tem sido exposto em importantes instituições nacionais e internacionais, de entre as quais se destacam: dOCUMENTA, Atenas/Kassel, Manifesta, Fundação Bienal de São Paulo, Bergen Assembly, La Biennale di Venezia, Museu Reina Sofia, Fundació Antoni Tàpies, Centro de Arte Dos de Mayo e Galeria Municipal do Porto.