Yinka
Esi Graves
Yinka Esi Graves
Inglaterra, 1983
Performer e coreógrafa, Yinka Esi Graves (Londres, Inglaterra, 1983) desenvolve a sua prática fundamentada numa pesquisa acerca das interseções culturais originárias do flamenco. Num trabalho que interliga música, dança e texto, a artista procura descortinar o contributo das mulheres negras no desenvolvimento da música e da dança flamencas.
Através de uma perspetiva contemporânea e da diáspora africana, Yinka Esi Graves percorre o inseparável vínculo entre a História e a música. Nas suas performances e investigações, trazer à luz os contributos da cultura africana para a criação da cultura flamenca não se encerra num resgate histórico, mas, antes, revela-se uma estratégia para confrontar o embranquecimento da História, contestar o apagamento histórico das pessoas negras e relembrar os seus movimentos de resistência. Através do seu próprio corpo e de coreografias que perscrutam a perda do medo da imperfeição, o senso de comunidade, a ideia de ausência, de invisibilidade e os movimentos de camuflagem e mimese, Yinka Esi Graves reafirma a dança como espaço de liberdade e autodeterminação.
Transposition 2, 2024
Performance, aprox. 35”
Cortesia da artista.
Hack, haunt, commune,
hack, haunt, commune,
hack, haunt, commune,
hack, haunt, commune,
transpose the invisibility.
Make it a dance, on repeat.
Yinka Esi Graves
Transposition 2, performance site specific realizada no âmbito da inauguração desta bienal, deriva de um desejo expresso pelas palavras de Yinka Esi Graves: «Hackear, assombrar, comungar, transpor a invisibilidade», «tornar isso numa dança, em repetição». Pensar o espaço através do corpo transforma-se em estratégia para a artista se relacionar com a historicidade e o passado no presente, recorrendo a um sentido de disrupção e comunhão. Continuando a trabalhar a partir da perspetiva multidisciplinar adotada na primeira obra a solo da sua criação, The Disappearing Act (2023), a performer e coreógrafa parte da ideia de «invisibilidade» para imaginar maneiras de permanecer num espaço intermediário, situado entre a «penumbra» e uma repentina superexposição, sem se «deixar queimar pela luz» — burlar a invisibilidade. Criada especificamente para o contexto da bienal e da cidade de Coimbra, Transposition 2 desenvolve-se dentro do espaço do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em continuidade com a «escuta do corpo» que se estabeleceu como práxis no trabalho da artista.
As seguintes canções foram utilizadas pela artista durante a performance:
— «Gay Guerilla Part I + Part 2», de Jace Clayton (do álbum «The Julius Eastman Memory Depot»)
— Excerto de «Julius Eastman's Spoken Introduction To The Northwestern University Concert», de Julius Eastman (do álbum «Unjust Malaise»)
— «Yo soy Seneca en el Saber», de Pepe Marchena
Yinka Esi Graves vive em Sevilha. Em 2014, foi cofundadora da companhia de dança flamenca contemporânea dotdotdot. Participou em obras cinematográficas, como o premiado documentário de Miguel Angel Rosales, Gurumbé: Canciones de tu Memoria Negra (2016); Leaving the Edges, de Baff Akoto; e Nueve Sevillae, de Pedro G. Romero e Gonzalo García-Pelayo. A primeira obra a solo da sua criação, The Disappearing Act, estreou no festival de flamenco Nimes, no começo de 2023. Sendo apresentada enquanto resultado de um processo articulado através de curtas-metragens, palestras, workshops, textos e uma exposição, a peça estará em turnée ao longo de 2023 e 2024.