Programa de Arquitetura
CURADORIA Carlos Quintáns Eiras
CURADORIA ADJUNTA Zaida García Requejo
CAPELA
Bet Capdeferro & Ramón Bosch
Carmen Moreno Álvarez
Juan Domingo Santos
O mapa composto, à maneira de retábulo, é uma representação simbólica do caminho aberto no «Jardim da Pedreira», no qual cabem a experiência individual e coletiva sobre este património e o fascínio que desperta em nós esta paisagem com os seus jardins espontâneos que emergem da rocha, verdadeiros paraísos da biodiversidade. O novo caminho aberto entre a vegetação explora o papel da memória e da perceção do lugar, abrindo um campo de reflexão sobre a importância botânica e paisagística da vegetação.
Nos desenhos, a pedreira, as construções e a vegetação não aparecem de forma autónoma, porque fazem parte de uma visão dinâmica dos elementos que compõem o mosteiro e a sua paisagem, ligados entre si através de linhas topográficas, muros de pedra e caminhos que evocam o seu passado e o seu presente. Neles, conjuga-se o científico com o intuitivo através de uma representação na qual convivem plantas, flores, pedras, palavras e frases com a toponímia do lugar e a arquitetura do mosteiro. O mapa não pretende a reconstrução filológica, evoca antes a história e o que imaginamos deste lugar. Encontra-se no significado que a cultura moderna pode dar à herança da história e à forma de apresentar e interpretar o seu legado a partir da paisagem.
Já sabes o quanto podes fazer com os teus passos.
A SALA NO JARDIM
Bet Capdeferro & Ramón Bosch
Carmen Moreno Álvarez
Juan Domingo Santos
A intervenção mostra um espaço ambíguo ― simultaneamente exterior e interior ― para ilustrar o conceito de espaço intermédio e o papel que a natureza desempenha nos processos de transformação de uma arquitetura.
A sala no jardim é um espaço «estranho» de repouso com limites incertos, preparado para ser invadido pela natureza. A vegetação que entra de forma descontrolada pelas janelas, o carvalho plantado num dos cantos, as plantas que emergem das fissuras do solo ou as sombras e a chuva favorecem novas relações e formas de vida entre a arquitetura e o jardim.
Com a colaboração do designer de jardins e escritor britânico Noel Kingsbury, foram identificadas setenta espécies de plantas que constituem a vegetação principal do jardim do mosteiro, e foi elaborado um glossário botânico cujas fotografias e desenhos se estendem pelas paredes da sala à maneira da Arca de Noé.
JARDIM DA PEDREIRA
Carmen Moreno Álvarez
Juan Domingo Santos
Ramón Bosch
Por ocasião da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, um grupo de arquitetos e estudantes de arquitetura de diferentes escolas de Portugal e Espanha criou um caminho por entre a flora selvagem do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. O caminho reconhece os valores paisagísticos e botânicos deste lugar situado sobre uma antiga pedreira oculta pela vegetação.
Com os nossos passos por este ecossistema verde privilegiado, quisemos experimentar a biodiversidade, a cor e o aroma das suas plantas e a contiguidade entre os elementos que compõem a sua paisagem.
Fizemos deste gesto uma poética do lugar, uma razão de ser desta paisagem, ao relacionar a pedra da pedreira com a arquitetura do mosteiro com a qual foi construído e o jardim que emerge das entranhas desta formação geológica, tornando a experiência do passeio numa obra que aspira a conciliar tempo, matéria e jardim. A vegetação nascida sobre a rocha é uma matéria viva e ativa que evolui com as estações e conecta o tempo geológico da pedreira com o tempo da arquitetura e da paisagem da cidade de Coimbra de forma indissociável.
Nesta ação, não há uma posição política, mas, sim, uma atitude estética divorciada de uma ideologia, que, com o seu gesto, se torna numa forma de resistência à transformação deste lugar.
PROCESSOS NECESSÁRIOS
Centrados em construir durante séculos o necessário e até mesmo o desnecessário, temo-nos esquecido de que a arquitetura é algo mais do que um processo de projeto para definir um volume habitável; é também uma necessidade de entender o que herdamos e tomar consciência do seu valor e das suas possibilidades. É chegada a hora de abordar temas necessários para salvar o que temos e às vezes esquecemos. É necessário falar de ocupação, mas também de apropriação, da possibilidade de estabelecer o novo, de não agir ou construir o mínimo, de consolidar apenas, de esvaziar, de falar do uso contínuo e não do esporádico, de analisar intensamente o que herdamos. Para tudo isso, foram selecionados 10 projetos que abordam esses temas:
Arturo Franco, Matadouro, nave 8–9
Carmen Moreno, A casa intermediária
Jan de Vylder & Inge Vinck, Caritas
Juan Domingo Santos, Açucareira San Isidro
Luis Longhi, Teatro Municipal de Lima
Marusa Zorec, Castelo de Grad
Mauricio Rocha, San Pedro
n'UNDO, Frontão Jai Alai
Ramón Bosch & Bet Capdeferro, Casa Collage
Ricardo Flores & Eva Prats, A Favorita
PEDREIRAS DAQUI E DALI
Extrações de Pedreira de Santa Clara
«Pizarra» Fotografias de Juan Rodríguez
Caixas de extrações de pedreira de ardósia de Barco de Valdeorras, Espanha
Habituados que estamos a analisar o que construímos e habitamos, geralmente esquecemos que usamos algo que já existe, uma matéria que extraímos e que levou muito tempo no seu processo de formação, outros materiais que «cultivamos» com processos curtos de crescimento e normalmente cortamos e, por último, outras soluções que fabricamos. Tudo isso que usamos não se encontra, salvo exceções, no local onde construímos, e por isso o transportamos do seu local de origem para ser usado onde for necessário construir. Santa Clara é um desses lugares «especiais» onde o material que podia ser usado está a poucos metros de onde foi retirado para construir. Atentos à singularidade da existência de uma pedreira no próprio espaço de Santa Clara, uma pedreira que serviu para realizar o(s) edifício(s). Uma pedreira aparentemente dividida neste momento pelos limites da propriedade atual. Não é comum encontrar um edifício que seja construído com o que existe a poucos metros; e, portanto, é uma boa oportunidade para refletir nos processos necessários para poder construir, para termos consciência de que para realizar uma construção geralmente é necessário um esvaziamento próximo ou distante. A materialidade mostra a sua presença e aqui queríamos deixar claro que também é necessária uma ausência.
Até que se proceda à construção de um edifício, aquilo que o forma não passa de uma acumulação de diversos materiais, os mesmos componentes que eventualmente ressurgirão com sua demolição anos mais tarde, quando se tornar numa montanha nua de matéria sem forma.
Os arquitetos ensinaram-nos a ter interesse nos processos pelos quais unimos os diversos materiais para conseguir realizar o que projetamos. Começamos a dar importância aos percursos que têm de se realizar e começamos a considerar o que acontece na origem, no local de onde foram extraídos ou elaborados. Esses lugares que têm as marcas do esvaziamento, da derrubada ou do consumo de energia que foi necessário nos processos.
Santa Clara foi construída com pedra das suas pedreiras, do espaço sob os seus muros e das pedreiras que ainda podemos ver dentro do seu recinto, e que em Processos voltamos a mostrar, pois estavam ocultas. Enquanto era construída, a topografia era alterada num jogo de escavação, transporte e soma. Um jogo de extração e construção. A construção não costuma ser resolvida com essa facilidade e precisa de realizar esses processos com uma distância maior, e não podemos ver a essas distâncias tão curtas os processos de que precisamos.
Transportámos algumas amostras da pedreira para estar em contacto com o edifício e acompanhamo-las com outras amostras que vêm de pedreiras distantes, onde o passar do tempo, as condições climáticas e outras circunstâncias as vão mudando e mostrando uma riqueza nesse «negativo» resultante do processo de extração.
UN ENCUENTRO
Juan Domingo Santos
SANTA CLARA
Arturo Franco Diaz
WORKSHOP PROCESSOS
TUTORES
Ramón Bosch
Juan Domingo Santos
Carmen Moreno Álvarez
CONSELHEIRO CIENTÍFICO
Noel Kingsbury
ESTUDANTES
Claudia Barral Sánchez
Víctor Hugo Batista de Azeredo
Gonçalo José Camarneiro Queiros
Cecilia Carbajo Ameijeiras
María Paula Correia de Freitas
Francisco M. D. Freire Gonçalves
Marta Sofia da Costa Ferreira Pinto
Ana Margarida Dias Ferreira
Leonor Domingo Moreno
Gabriel Fernández Caba
Juan Carlos Hódar Egea
Nuria Martín Vargas
Margarida Matias Monteiro
Miguel Mosquera García
Jerónimo Olvera Santiago
Olalla Picallos Alló
Iuliia Polulikh
Gabriel Rodrigues Cruz Pousada
Bárbara Isabel Silva Figueira
Francisco Maria Sousa Monteiro
Manuel Urbano Figueiredo
FILMAGEM E EDIÇÃO
Sérgio Gomes
Inauguração do programa de Arquitetura: Processos
11 MAI, 14:30–00:00
Dériville Cidade-deriva. Os situacionistas e a questão urbana, de Bruce Bégout
20 ABR, 17:00
Climat et Ambiance. Réflexions sur l'influence de ce qui nous environne
19 ABR, 15:00