O Programa de Arquitetura da 5ª edição da Bienal Anozero’24 propõe uma reflexão sobre a cidade e mais detalhadamente sobre o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, que apresentam condições muito específicas. Processos é uma reflexão que será desenvolvida ao longo da Bienal por meio de workshops, ações, exposições, publicações, conferências e debates. Santa Clara a Nova obriga-nos a refletir, a pensar na sua história e na sua conservação; na sua materialidade e na sua memória, mas deve também estabelecer um momento em que se mostrem outras ações desenvolvidas em outros lugares para ajudar a colocar em marcha as possibilidades únicas que ainda podemos encontrar aqui. É por isso que uma série de arquitetos que já trabalharam conscientemente nestas áreas foram selecionados para mostrar o seu trabalho e também para atuarem aqui com as ferramentas que são nossas: dos arquitetos. Com eles realizaram-se workshops, fizeram-se desenhos e fotografias, fizeram-se filmes e realidades, descobriram realidades ocultas e traços...

Utilizando os seus projetos falaremos sobre: ocupação, apropriação, relacionamento, outros usos, consolidação, não ação, esvaziamento, construção de mínimos, uso continuado, análises. E também é a ocasião para refletir sobre a materialidade necessária que a arquitetura precisa, aproveitando a existência da pedreira e em sintonia com esta proximidade falaremos de subtração e construção, transferência e permanência.

Se na Bienal as curadorias de arte têm ocupado maioritariamente espaços construídos, o Programa de Arquitetura é concebido como um processo em que se reflete, preservam e reocupam todos aqueles lugares exteriores ao edificado que possam explicar acontecimentos, confrontar visões ou estabelecer orientações para percursos que possam ressignificar o espaço. Pretende-se facilitar a leitura do conjunto, daquilo que foi construído, juntamente com as pedreiras que tornaram possível esta construção e ao mesmo tempo transformaram a topografia e provocaram alterações muito significativas. Uma parte importante do que encontramos no recinto do mosteiro de Santa Clara é uma massa de vegetação que cresceu com pouco contato com o exterior e que foi esquecendo caminhos; que tem uma lógica exposta à passagem do tempo.

Enquanto espaço plural e de acolhimento, o Convergente abre-se à participação dos equipamentos culturais que dão vida às artes em Coimbra. Através de convites e também de um edital, artistas, coletivos e iniciativas culturais foram convocados para pensar programações e ações para o espaço urbano. Transversal às temáticas propostas pela curadoria do Anozero, o programa constrói-se a partir do desejo de aproximar o público da arte contemporânea através da ação e do pensamento crítico.

Zaida García Requejo (Assistant curator)

ADMINISTRATIVE AND FINANCIAL COORDINATION

Zaida García Requejo (Curadoria-adjunta)

COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA

O Anozero’24 thanks the following people

Anozero’24 is grateful to the following companies, galleries and institutions

Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira

Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra

Museu da Ciência/Universidade de Coimbra

The Modern Institute/Toby Webster Ltd, Glasgow

O Anozero’24 thanks all the volunteers who gave their time and good will to embrace this project

O Anozero’24 thanks the dedication of all those involved in the Converging Programme

APBC (Agência para a promoção da Baixa de Coimbra)

CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra)

Sesla (Secção de Escrita e Leitura da Academia de Coimbra)

TEUC (Teatro dos estudantes da Academia de Coimbra)

O Anozero’24 agradece às seguintes pessoas

O Anozero’24 agradece às seguintes empresas, galerias e instituições

O Anozero’24 agradece a todos os voluntários que disponibilizaram o seu tempo e força de vontade para abraçar este projeto

O Anozero’24 agradece a dedicação de todos os envolvidos na Programação Convergente

Gil Mac, Jorge Cabral Carvalho e Fernando Travassos

O Programa Educativo cria uma fricção entre formação e fruição, e elucida sobre conceitos tratados pela arte contemporânea, em geral, e pela curadoria do Anozero’24: conceitos estratégicos e preparatórios para a convivência criativa do público nos espaços da Bienal e junto das produções artísticas. Os profissionais envolvidos neste trabalho utilizam a mediação público-obra-artistas-curadores nas fases antes, durante e posterior aos percursos. Estas fases criam um ambiente de afetos, de colaboração e de valorização do espectador e do seu potencial de «ter a dizer», de apreciar e usufruir a arte de modo autónomo, num exercício de [vincular-integrar-conectar-interligar] produzir conhecimento de forma coletiva. Esta proposta de arte e educação não se foca só nas comunidades escolares, mas no território como um todo, criando uma «encruzilhada» simbólica enquanto afluência de diversidades, e um Anozero potente, para lá de uma mostra de materialidades artísticas, que almeja a transformação progressiva destas sociedades em convivências libertárias e de mais alteridade.

 é um título que interpela o momento presente, além de citar o conhecido filme de Luis Buñuel, realizado em 1974. Referimo-nos muitas vezes ao «fantasma da liberdade» para falar do inalcançável que nos escapa, da promessa que alucina o real sem se concretizar plenamente. Na abertura do filme, onde atua o próprio Buñuel, as personagens clamam ironicamente: «Vivam as correntes!» A liberdade, que na primeira cena é uma liberdade política e social, adquirirá outro significado: a liberdade do artista e do criador, tão ilusória quanto a outra.

O jogo entre desejo e realidade, que atravessa a construção da liberdade, encontra-se hoje numa encruzilhada, aponta para direções contraditórias. As desigualdades económicas, a determinação do capital, a emergência climática e as fraturas sociais, baseadas na raça, na religião, no género ou na orientação sexual, expõem a fragilidade da liberdade como expressão do Universal.

 propõe uma reflexão a partir destas diferentes perspetivas. Se o Universal não é mais um ponto de partida, não deixa de ser cada vez mais necessário pensar no universalismo como horizonte de liberdade, entendendo que a perpetuação da vida só pode ser a de todas as vidas, humanas e outras que não humanas. Neste sentido, a arte é um campo de encontro, resistência, participação, rutura e potência imaginativa regeneradora.

Explorar o imaginário da liberdade e as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para o disputar, deslocar e habitar é o propósito desta Bienal que decorre em Coimbra. O título tem um sentido ambíguo e aberto. Se, por um lado, induz a ideia de que a liberdade é um fantasma, uma presença inescapável e espectral, por outro, aponta para um processo que se adia, vincando a produção alucinatória de um desejo. Não fica de fora desta equação a celebração do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos (1974), e cabe aqui a reflexão acerca do seu potencial de imaginação histórica, assim como os seus impasses (o eco fraturado no presente do 

 «A paz, o pão, habitação, saúde, educação»). De igual modo, procura-se também evocar uma outra revolução operada na linguagem: o centenário do 

À semelhança de Fantômas, o herói ficcional do romance de Pierre Souvestre e Marcel Allain, que sobrevoava os telhados da cidade de Paris, os fantasmas que se evocam nesta Bienal têm um valor poético, isto é, procuram sequestrar os acontecimentos históricos das suas convenções e leituras cristalizadas, e provocar uma suspensão e movimento, aliás, qualidades próprias dos fantasmas.

Ángel Calvo Ulloa (Lalín, Pontevedra, 1984) is a curator and writer who lives and works between Galicia and Madrid. Among his recent curatorial projects stand out Habitación. El Archivo F.X., las chekas psicotécnicas de Laurencic y la función del arte, de Pedro G. Romero, exhibited at CA2M (Madrid), MNAC (Barcelona), and La Nau (Valencia); Autoconstrucción. Piezas sueltas. Juego y experiencia, de Antonio Ballester Moreno, showcased at Artium (Vitoria-Gasteiz); Siron Franco: Pensamento insubordinado (Trabalhos, 1961-2023), presented at MAC Goiás (Brazil); Complexo Colosso at CIAJG (Guimarães); and Anidar en el gesto: unas estanterías de Alberto at Fundación Cerezales Antonio y Cinia (Cerezales del Condado, León). Since 2011, Ángel Calvo Ulloa has also curated exhibitions at institutions such as La Casa Encendida (Madrid), Caixaforum (Barcelona), MARCO (Vigo), CCEMx (Ciudad de México), Fundación Luis Seoane (A Coruña), Tabacalera (Madrid), Centro Párraga (Murcia), and EACC (Castellón), among others. In 2020, he co-authored, with Juan Canela, the book Desde lo curatorial. Conversaciones, experiencias y afectos, published by Consonni in its Colección Paper.

Ángel Calvo Ulloa (Lalín, Pontevedra, 1984) é curador e escritor. Vive e trabalha entre Galiza e Madrid. Entre os seus recentes projetos curatoriais, destacam-se: 

Habitación. El Archivo F.X., las chekas psicotécnicas de Laurencic y la función del arte, 

de Pedro G. Romero, exibido no CA2M (Madrid), MNAC (Barcelona) e La Nau (Valência); 

Autoconstrucción. Piezas sueltas. Juego y experiencia

, de Antonio Ballester Moren, apresentado no Artium (Vitoria-Gasteiz); 

Siron Franco: Pensamento insubordinado (Trabalhos, 1961–2023)

, exposto no Museu de Arte Contemporânea de Goiás (Brasil); 

Anidar en el gesto: unas estanterías de Alberto

, na Fundación Cerezales Antonio y Cinia (Cerezales del Condado, León). Desde 2011, Ángel Calvo Ulloa também comissariou exposições em instituições como La Casa Encendida (Madrid), Caixaforum (Barcelona), MARCO (Vigo), CCEMx (Cidade do México), Fundación Luis Seoane (A Coruña), Tabacalera (Madrid), Centro Párraga (Murcia) e EACC (Castellón), entre outras. Em 2020, em coautoria com Juan Canela, publicou o livro 

, como parte da Colección Paper, de Consonni.

Paula Nascimento (Luanda, 1981) is an architect and independent curator who lives and works in Luanda. She founded Beyond Entropy Africa, a research studio focusing on architecture and urbanism, visual arts and geopolitics. She was responsible for the award- winning 1 st Angolan Pavilion at the 55 th International Art Exhibition — Venice Biennale (2013).
  

As an independent curator, she has worked on interdisciplinary projects, exploring themes linked to post-colonial cities and contemporary readings of historical themes. She has curated several exhibitions in Angola, South Africa, Portugal and Italy and participated in Experimenta Design, the Milan Triennale, the Bamako Biennale and the 6th Lubumbashi Biennale.
  

She is currently president of the Artistic Committee of the Nesr Art Foundation and a member of the Advisory Board of Hangar – Centro de Investigação Artística. She curated the ARE YOU FOR REAL platform between 2019 and 2022 and was part of the curatorial team for the 7 th and 8 th editions of the Lubumbashi Biennale. Since 2019, she has been the curator of Africa Focus at Arco Lisboa.

Paula Nascimento (Luanda, 1981) é arquiteta e curadora independente. Vive e trabalha em Luanda. É fundadora da Beyond Entropy África, estúdio de investigação que se debruça sobre os campos da arquitetura e do urbanismo, das artes visuais e da geopolítica. Foi responsável pelo premiado 1.º Pavilhão de Angola na 55.ª Exposição Internacional de Artes – Bienal de Veneza (2013).
  

Como curadora independente, tem trabalhado em projetos interdisciplinares, explorando temáticas ligadas às cidades pós-coloniais e leituras contemporâneas para temas históricos. É curadora de várias exposições em Angola, África do Sul, Portugal, Itália, e participou na Experimenta Design, Trienal de Milão, Bienal de Bamako e na 6.ª Bienal de Lubumbashi.
  

Atualmente, é presidente do Comité Artístico da Nesr Art Foundation e membro do Conselho Consultivo do Hangar – Centro de Investigação Artística. Foi curadora da plataforma ARE YOU FOR REAL, entre 2019 e 2022, e integrou a equipa curatorial da 7.ª e 8.ª edições da Bienal de Lubumbashi. Desde 2019, é curadora do África Focus na Arco Lisboa.

João Fernandes (Bragança, 1964) has been artistic director at the Moreira Salles Institute since 2019. He was deputy director of Conservation, Research and Dissemination for six years at the Reina Sofia National Art Centre Museum. Between 1996 and 2002, he worked as a curator at the Serralves Museum, and later, between 2003 and 2012, he was the museum’s director. He was commissioner for the Portuguese representation at the 1 st Johannesburg Biennale (1995), the 24th São Paulo Art Biennale (2003) and, together with Vicente Todolí, the 50 th Venice Biennale (2003).

João Fernandes studied at the University of Porto, majoring in Modern Languages and Literatures. In the same city, he began his career in the arts and organised the Porto Contemporary Art Days between 1992 and 1996.

João Fernandes (Bragança, 1964) é diretor artístico no Instituto Moreira Salles desde 2019. Ao longo de seis anos, foi subdiretor de Conservação, Investigação e Difusão do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Entre 1996 e 2002, trabalhou como curador no Museu de Serralves, e, posteriormente, entre 2003 e 2012, exerceu o cargo de diretor do museu. Foi comissário para a representação portuguesa na 1.ª Bienal de Joanesburgo (1995), na 24.ª Bienal de Arte de São Paulo (2003) e, juntamente com Vicente Todolí, na 50.ª Bienal de Veneza (2003).
  

João Fernandes realizou a sua formação académica na Universidade do Porto, na licenciatura de Línguas e Literaturas Modernas. Na mesma cidade, iniciou o seu percurso no meio artístico e organizou as Jornadas de Arte Contemporânea do Porto, entre 1992 e 1996.

Paula Ferreira (São Paulo, Brazil, 1993) is a writer and independent researcher currently living in Lisbon. She received her academic education at the University of Lisbon, studying Photography, and at the NOVA University, studying Aesthetics.

In 2022, she founded the transdisciplinary project "Aos Cuidados,", which focuses on creating spaces for discussion on issues related to rights and access to care. She works as curator and editor in its various cultural initiatives, including printed publications, exhibitions, film cycles, amongst others. In 2023, she curated the exhibition "Bandeira Branca" at the Irmã Feia gallery in Almada. Paula Ferreira regularly contributes as a writer to the magazine Contemporânea.

Paula Ferreira (São Paulo, 1993) é escritora e investigadora independente. Atualmente, vive em Lisboa. Tem formação em Fotografia, pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e em Estética, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
  

Em 2022, fundou o projeto transdisciplinar «Aos Cuidados», cujo objetivo se centra na criação de espaços para o debate de questões relacionadas com o direito e acesso às redes de cuidado — através de publicações impressas, exposições, ciclos de cinema e outras iniciativas culturais. Atua no projeto enquanto editora e curadora. Em 2023, foi curadora da exposição 

, na galeria Irmã Feia, em Almada. Tem contribuído regularmente como escritora para a revista 

Marta Mestre (Beja, 1980) is a contemporary art curator and researcher working in Brazil and Portugal. She holds a degree in Art History. Currently, she serves as the artistic director of the Centro Internacional José de Guimarães – CIAJG in Guimarães. She is coordinating Heteróclitos: 1128 objetos, a post-ethnographic research on the collection, and a exhibition program featuring artists such as Artur Barrio, Fernão Cruz, Priscila Fernandes, Yonamine, Rodrigo Hernández, amongst others. In Brazil, where she lived for several years, she worked as a curator at the Instituto Inhotim in Minas Gerais, assistant curator at the Museum of Modern Art, and guest curator at the Escola de Arte Parque Lage, both in Rio de Janeiro. She frequently writes about artists’ work, serves as a consultant for cultural projects, and currently sits on the acquisitions committee of the Centro de Arte Moderna (F. C. Gulbenkian, Lisbon). As a curator or co-curator, Marta Mestre has organized exhibitions at Instituto Inhotim (Minas Gerais), MAM-Rio (Rio de Janeiro), Museu Berardo (Lisbon), Galerias Municipais (Lisbon), Museu Oscar Niemeyer (Curitiba), Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), SESC- Pompéia (São Paulo), S.M.A.K. (Ghent), amongst others. As a lecturer, she teaches at universities, public programs, and independent courses. She is a member of CIMAM – International Committee for Museums and Collections of Modern Art.

Marta Mestre (Beja, 1980) é curadora e investigadora em arte contemporânea, e tem atuado no Brasil e em Portugal. É formada em História da Arte. Atualmente, é diretora artística do Centro Internacional José de Guimarães — CIAJG, em Guimarães, coordenando 

, uma pesquisa pós-etnográfica sobre a coleção, e o programa de exposições com Artur Barrio, Fernão Cruz, Priscila Fernandes, Yonamine, Rodrigo Hernández, entre outros. No Brasil, onde viveu durante vários anos, foi curadora no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, curadora assistente no Museu de Arte Moderna e curadora convidada na Escola de Arte Parque Lage, ambos no Rio de Janeiro. Escreve frequentemente sobre o trabalho de artistas, é consultora de projetos culturais e integra, atualmente, o comité de aquisições do Centro de Arte Moderna (F. C. Gulbenkian, Lisboa). Como curadora ou co-curadora, Marta Mestre organizou exposições no Instituto Inhotim (Minas Gerais), no MAM—Rio (Rio de Janeiro), no Museu Berardo (Lisboa), nas Galerias Municipais (Lisboa), no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba), na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), no SESC — Pompéia (São Paulo), no S.M.A.K. (Gante), entre outros. Como conferencista leciona em universidades, programas públicos e cursos independentes. É membro do CIMAM — Comité Internacional de Museus e Coleções de Arte Moderna.

Sobre o Anozero

O Fantasma da Liberdade

O Fantasma da Liberdade é um título que interpela o momento presente, além de citar o conhecido filme de Luis Buñuel, realizado em 1974. Referimo-nos muitas vezes ao «fantasma da liberdade» para falar do inalcançável…

Apresentação

Equipa Curatorial

Programa Convergente

Proposta Educativa

Programa Arquitetura

Ficha Técnica

Agradecimentos

Apoios e Parceiros