A proposta da caminhada pauta-se na experiência do deslocamento a pé pela área do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. As caminhadas servem como uma chamada a conhecer o espaço natural e arquitetónico, de forma pausada e servindo para a criação de pequenas e efémeras intervenções na paisagem, coletas e registos. O desenho de observação é a ligação primordial entre o olho e o lugar, entre os participantes que se tornam cúmplices em trânsito. No desbravar dos corpos sobre um novo território, inaugura-se uma nova geografia possível, nascida no desenho dos afetos e das partilhas.

Marcelo Moscheta é um artista visual com ênfase de base prática, mas com profunda referência conceitual. A sua investigação tem como alvo as relações primordiais do homem com o meio ambiente, bem como as intervenções humanas que surgem a partir dos atos de perambular e caminhar. Heterocronias, deslocamento, território, paisagem e memória são os seus principais interesses. Problemas de escala e abordagens científicas fictícias são usados para sobrepor aspetos culturais aos recursos naturais, para intervenções humanas singulares em áreas isoladas. Desde o início da sua carreira artística, em 2000, o artista tem vindo a criar obras e exposições resultantes de viagens a locais remotos